Essa é a pergunta que não quer calar. Ela surge em 99% dos eventos de interpretação que faço quando os ouvintes têm a possibilidade de interagir comigo seja no coffee break ou mesmo antes ou depois de entrar na cabine. Há uma grande curiosidade por parte das pessoas que não estão acostumadas com a interpretação simultânea. E isso é muito bom! Quer dizer que o trabalho está sendo bem feito, alguns deles chegam a pensar que estamos lendo o discurso, ou mesmo jogando as frases no “tradutor on-line” antes de reproduzi-las, já que o trabalho é feito tão rapidamente e passando tudo o que o palestrante está dizendo. Já presenciei alguns ouvintes espiando a cabine, vendo o que estava aberto na tela do meu computador, observando o que fazemos lá dentro daquele pequeno espaço. E depois, surpresos ao ver que a mágica está dentro de nosso cérebro, vêm conversar e querer saber como aprendemos a fazer esse truque de mágica.
O que não vem junto com o material de apoio do evento é o nosso currículo. Para alcançar um nível adequado como intérprete, é necessário muitos anos de estudo, uma formação acadêmica sólida com muita prática e atualização, conhecimentos gerais e culturais sempre em dia, preparação minuciosa para cada evento com base em muita pesquisa, cuidados com a saúde e a voz, e disposição para seguir longas horas de trabalho de intensa concentração.
É assim que nós conseguimos. Sempre nos preparando para o mercado, estudando todos os dias, praticando muito, investindo grande parte do nosso tempo em nossa profissão. E a satisfação de ouvir isso faz valer cada segundo de dedicação.